Setembro Amarelo: está tudo bem não se sentir bem

Estamos em pleno Setembro Amarelo, pra quem não sabe, uma campanha do Centro de Valorização da Vida iniciada em 2015 em todo Brasil de prevenção ao suicídio. Por isso vamos falar de felicidade compulsória, entre outras coisas.

Bom, basta rolar pelo seu feed e você vai ver muitas fotos felizes, hashtags positivas ou que tratam a existência de um momento ruim como algo de outro planeta (ou melhor da vida de qualquer um menos da sua). Ninguém quer falar, admitir ou abrir um diálogo real sobre não estar tão bem assim. Afinal, isso não é coisa de gente bem sucedida. Não gera likes. Você tem direito a ficar mal um dia, mas no outro é melhor postar uma foto numa paisagem paradisíaca ou com seu pet bem fofo, lembrando a todo mundo que aquilo foi passageiro.

A pressão para sermos perfeitos, termos vidas incríveis, tira a autenticidade das experiências e cada vez mais as pessoas da nossa geração reclamam que já não sentem prazer nessa corrida motivada por resultados e comparações.

Corpos. Empregos. Relacionamentos. Casas. Viagens. Filhos. Tudo é colocado em display num concurso sem fim nem medalhas. Apenas uma tentativa insana de provar o quão feliz você é, mesmo que por dentro esteja desmoronando. Como falar sobre dor, solidão, se até isso as pessoas querem julgar? O setembro pode ser amarelo, mas a depressão, assim como os diversos motivos que levam alguém a considerar o suicídio tem diversos tons. Impossível colocar numa caixa, medir, comparar. Aliás, a primeira coisa a se entender é que dor NUNCA se compara. Precisamos ter mais empatia.

Parar com esses #goodvibesonly e oferecer espaços seguros onde as pessoas possam de verdade se sentir à vontade para conversar, trocar, pedir ajuda. Ninguém vive só de goodvibes nem de bad. É importante passar e reconhecer as mudanças, e acolhê-las. A vida não se resume a um bom filtro de Instagram. E definitivamente não se resolve com ele, não importa o quanto queiramos. Então, que tal fazer um esforço real nesse mês? Nem romantizar o sofrimento com fotos bonitas para ganhar atenção nem ostracizar os que podem estar num momento difícil. Só através da sinceridade e de mostrarmos nosso lado mais vulnerável que tantas vezes fica perdido em meio a tantos artifícios, vamos conseguir promover mudança.

Fale com um amigo. Ouça. Pergunte. Esteja mais presente na vida de quem você conseguir. De verdade. Nem sempre vai ser fácil. Mas vale a pena. Porque em geral, as pessoas que realmente estão precisando de ajuda, nem sempre conseguem pedir essa ajuda. E não deixe só pra setembro.