Matilda Inquieta

Nascido da necessidade de ser e estar presente em linhas e palavras que dão vida e sentido a desejos e sensações que às vezes, só ali, encontram espaço e sentido.

Jane Birkin e a arte de ser tudo, menos óbvia

No último domingo, dia 16, o mundo recebeu a notícia do falecimento de Jane Birkin, atriz, cantora e ícone incontestável de estilo.

Britânica de origem, mas francesa de espírito, um de seus maiores legados foi o de incorporar e divulgar o jeito Parisienne Chic de ser.

Não só seu estilo, despojado e elegante, mas sua atitude e um certo je-ne-se-quois, a tornariam musa do cinema, da música e da moda.

Sua parceria com Serge Gainsbourg era a personificação do estilo liberal e disruptivo dos anos 60, conciliando a realização de projetos artísticos, festas e viagens, com a criação de seus filhos. Um novo modelo e ideal do que ser mulher e ter uma família podia significar.

Diz a lenda, que em um vôo para Londres, Jane se encontrou com o então chefe-executivo da Hermès, Jean-Louis Dumas, e acabou derrubando o conteúdo de sua bolsa. Segundo ela, o tamanho e o formato da tradicional bolsa Kelly, não condiziam com as necessidades e o estilo de vida de uma mulher tão múltipla. Depois de um pouco de conversa e alguns esboços, nasceria a famosa bolsa Birkin, levando seu nome e a catapultando como musa suprema da moda.

Até os dias de hoje, a bolsa que leva o nome de Jane, é uma das mais caras e procuradas do mundo. Símbolo dessa sofisticação realista. Afinal, sua atitude em relação à moda, sempre teve o conforto e a simplicidade como destaques. Ela vestia as roupas e não o contrário.

Como a maioria das mulheres que admiramos, ela priorizava o estilo a tendências fugazes e passageiras. Como uma extensão de sua personalidade e da vida que escolheu para si, suas roupas uniam versatilidade e atemporalidade, permitindo que transitasse em diferentes lugares e situações, sem nunca perder a elegância.

Hoje, quando milhares de hashtags com o tema #frenchgirl e #frenchgirlstyle surgem nas mídias sociais, com meninas e mulheres buscando replicar uma imagem idealizada do que é o estilo francês, vemos a influência das escolhas e da personalidade de Jane.

Minivestidos, a eterna camisa branca com jeans, peças de alfaiataria masculina e sua clássica bolsa de palha, entre outros itens do seu guarda-roupa, permanecem sinônimo de um visual chic sem esforço ou pretensão.

Jane quebrou barreiras e estereótipos simplesmente sendo Jane. A britânica mais francesa de todas, não se limitou ao que era esperado dela, e fez de sua vida o maior legado.

Filantropa, amante das artes, mulher, musa, mãe. Feminista, apoiadora das causas LGBTQ+, dos direitos dos animais e mais recentemente da causa das mulheres no Irã. Uma única palavra não seria capaz de defini-la.

Recusando-se a se encaixar em espaços preestabelecidos, exercendo seus desejos e buscando uma vida plena, que refletia sua multiplicidade, Jane é muito mais do que um ícone de moda. É sinônimo de uma vida muito bem vivida, da evolução constante do que significa ser mulher e de resistência em uma sociedade que sempre quer nos dizer o que e como devemos ser.

Uma resposta para “Jane Birkin e a arte de ser tudo, menos óbvia”.

  1. Avatar de Tereza Fontoura
    Tereza Fontoura

    Amei o texto! Que mulher!

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