Perder-se também pode ser o caminho, ou pode ser só uma desculpa para não enfrentá-lo…
Mas vamos começar do começo. Você já assistiu Fleabag? A série escrita, dirigida e estrelada pela brilhante Phobe Waller Bridge que interpreta a personagem do título, em sua busca por entender e conseguir equilibrar controle no seu dia a dia. A série está em sua segunda temporada e pode ser vista na Amazon. Com diálogos inteligentes, bem construídos, situações que lidam com dramas familiares, ser uma mulher adulta sem saber navegar ou não querer navegar tão bem as convenções, perda, luto, amizade, sexo casual (bom, ruim, entediante, com direito a comentários da protagonista que sempre quebra a quarta parede e nos dá sua opinião).
Fleabag sempre nos aproxima e nos traz pra dentro do seu mundo e da sua cabeça, um lugar nem sempre fácil de estar, mas isso é parte do apelo. Ame-a, odeia-a, mas é irresistível assistir. E de certa forma se identificar. É humano, e a falta de excessos em cenários, figurinos, deixa ainda mais nítido o quão brilhante a atuação e o roteiro são. Você sente que de alguma forma já viveu aquelas situações, teve aqueles jantares em família, ou conhece uma família como aquelas… é íntimo e ao mesmo tempo, escancarado para o seu prazer naquela meia hora.
Enquanto jura que está no comando dos homens em sua vida, do álcool que consome, das escolhas que faz, suas escolhas vão revelando sua vulnerabilidade, e o lado que ela tenta tanto esconder, mas que nós, como espectadores recebemos acesso. Um retrato muito bem construído do que é tentar se convencer de estar no controle quanto você mesma está do avesso e precisa se apegar a algo.
E seja porque você se identifica ou não, porque quer ser amiga dela ou nunca se imaginaria com alguém do tipo, é muito importante uma série com uma protagonista mulher cujo foco é algo mais do que se apaixonar e que tem complexidades, imperfeições, sentimentos, profundidade, relações e aspirações que vão além de ser uma manic pixie girl.
Fleabag é apaixonante. Ácida, frágil e forte ao mesmo tempo, do tipo “foda-se, vou usar a mesma roupa ” mas que capricha no batom vermelho. Vai ligar bêbada numa terça pro contatinho e se não tiver afim quando ele chegar, deixá-lo do lado de fora. É livre e prisioneira da sua própria liberdade. Em queda livre, um poço de contradições. Mas vale cada segundo!
E você? Já assistiu? Ou tem alguma outra série que é o seu vício?