Matilda Inquieta

Nascido da necessidade de ser e estar presente em linhas e palavras que dão vida e sentido a desejos e sensações que às vezes, só ali, encontram espaço e sentido.

Chega de saudade

“Nostalgia é negação, negação de um presente doloroso… uma concepção errônea de que um tempo passado é melhor do que aquele que se está vivendo. Uma romantização feita pelas pessoas que têm dificuldade em lidar com o presente. “

Essa frase de Midnight em Paris ficou na minha cabeça. De repente, eu que sempre vivi olhando e sonhando como teria sido viver em outras décadas, entendi que a idealização vinha de um descontentamento com a minha realidade.

E é só natural, que quanto mais as coisas mudem, mais rápido e de maneira mais radical, a gente olhe para tempos mais simples. A nostalgia é um ingrediente usado amplamente seja na moda, no cinema, na publicidade, como se fosse possível encapsular e vender um pedacinho de uma época mais feliz. E a gente, compra. E como compra.

Em tempos de AI, Chat GPT, bots, gamificação e tiktokização, a ansiedade é real. As linhas entre o físico e o digital estão cada vez mais borradas, e vira quase uma obrigação estar onipresente. E uma hora chega a conta do dano desse excesso de estímulos, seja na nossa saúde física ou mental.

Mas não dá para culpar a tecnologia e virar uma eremita. Até dá, mas não é a realidade que quero para mim. O que eu entendo hoje é a necessidade de equilíbrio. É um exercício diário, ver os benefícios que as mudanças trazem para o meu cotidiano e qual a melhor maneira de fazer uso delas, sem me sobrecarregar. Um pouco de tela, um pouco de vida real, sem filtros.

A única constância da vida é a impermanência, diz o budismo (e com sabedoria milenar não se discute). As coisas sempre mudam o tempo todo. É como a gente encara O NOVO e se adapta a ele, que é a chave.

Então do meu jeito, no meu ritmo, vou aprendendo a lidar com a inteligência artificial, estudando sobre realidades virtuais, aumentadas e coisas que meus avós nunca nem sonhariam existir. Mas que existem e estão aí, para serem exploradas. Às vezes é preciso mudar a direção de para onde você sonha, do passado para o futuro. Porque o desconhecido não precisa ser só assustador. Ele pode ser cheio de possibilidades e descobertas.

Por incrível que pareça, foi assistir ao filme mudo Metropolis, que me lembrou disso. 

Ver um mundo distópico futurista criado em 1928, que ainda é extremamente relevante e atual, me fez pensar no quanto avançamos em muitos aspectos, mas em outros sequer saímos do lugar. 

Discussões sobre jornadas de trabalho mais equilibradas e consciência de classe são pautas tão atuais e necessárias, que ainda hoje continuamos debatendo em busca de mudanças. 

O futuro também é feito de gente, das necessidades e experiências que vivemos e projetamos, dos aprendizados coletivos da sociedade. Das pautas e bandeiras que levantamos hoje, para que daqui em diante a realidade dos que estão por vir seja melhor. 

É preciso parar de romantizar o que já foi. Focar no que pode vir a ser, e pensar de que maneira podemos criar e contribuir, para que o amanhã seja melhor. 

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